segunda-feira, 28 de maio de 2012

Decadência - Augusto dos Anjos


Decadência

Augusto dos Anjos


Iguais às linhas perpendiculares
Caíram, como cruéis e hórridas hastas,
Nas suas 33 vértebras gastas
Quase todas as pedras tumulares!


A frialdade dos círculos polares,
Em sucessivas atuações nefastas,
Penetrara-lhe os próprios neuroplastas,
Estragara-lhe os centros medulares!


Como quem quebra o objeto mais querido
E começa a apanhar piedosamente
Todas as microscópicas partículas,


Ele hoje vê que, após tudo perdido,
Só lhe restam agora o último dente
E a armação funerária das clavículas!

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