sábado, 25 de fevereiro de 2012

A um Gérmen - Augusto dos Anjos

A um Gérmen

Augusto dos Anjos



 
Começaste a existir, geléia crua, 
E hás de crescer, no teu silêncio, tanto 
Que, é natural, ainda algum dia, o pranto 
Das tuas concreções plásmicas flua! 

A água, em conjugação com a terra nua, 
Vence o granito, deprimindo-o ... O espanto 
Convulsiona os espíritos, e, entanto, 
Teu desenvolvimento continua! 


Antes, geléia humana, não progridas 
E em retrogradações indefinidas, 
Volvas à antiga inexistência calma!... 

Antes o Nada, oh! gérmen, que ainda haveres 
De atingir, como o gérmen de outros seres, 
Ao supremo infortúnio de ser alma! 

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