domingo, 12 de fevereiro de 2012

Trem de Alagoas - Ascenso Ferreira

Trem de Alagoas

Ascenso Ferreira


O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…

          — Vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende
          com vontade de chegar...

Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.

          — Adeus!
          — Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar...

          — Adeus morena do cabelo cacheado!

Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar

          — Vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende
          com vontade de chegar...

Na boca da mata
há furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:


          — Ali dorme o Pai-da-Mata!
          — Ali é a casa das caiporas!

          — Vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende
          vou danado pra Catende
          com vontade de chegar...

Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar...

Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...

          — Vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende
          vou danado pra Catende
          com vontade de chegar...


Cana caiana,
cana roxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar...

    — Adeus morena do cabelo cacheado!

          — Ali dorme o Pai-da-Mata!
          — Ali é a casa das caiporas!

          — Vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende
          vou danado pra Catende
          com vontade de chegar...

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