Temor
Junqueira Freire
Ao
gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A
cada instante te oferece a cova.
Pisemos
devagar. Olhe que a terra
Não sinta o nosso peso.
Deitemo-nos
aqui. Abre-me os braços.
Escondamo-nos
um no seio do outro.
Não
há de assim nos avistar a morte,
Ou morreremos juntos.
Não
fales muito. Uma palavra basta
Murmurada,
em segredo, ao pé do ouvido.
Nada,
nada de voz, - nem um suspiro,
Nem um arfar mais forte.
Fala-me
só com o revolver dos olhos.
Tenho-me
afeito à inteligência deles.
Deixa-me
os lábios teus, rubros de encanto.
Somente pra os meus beijos.
Ao
gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A
cada instante te oferece a cova.
Pisemos
devagar. Olha que a terra
Não sinta o nosso peso.
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