O Quarto Branco
Charles Simic
O
óbvio é difícil de
provar.
Muitos preferem
o
oculto. Eu também preferia.
Eu
escutava as árvores.
Elas
guardavam um segredo
que
estavam prestes
a me
revelar —
e
não o fizeram.
Veio
o verão. Cada árvore
de
minha rua tinha sua própria
Xerazade.
Minhas noites
faziam
parte de suas histórias
selvagens.
Entrávamos
em
casas escuras,
casas
sempre mais escuras,
silenciosas
e abandonadas.
Havia
alguém de olhos fechados
nos
pisos superiores.
O
medo e o fascínio me
mantinham
bem desperto.
A
verdade é nua e crua,
disse
a mulher
que
sempre se vestiu de branco.
Ela
não saiu muito de seu quarto.
O
sol apontava uma ou duas
coisas
que tinham sobrevivido
intactas
na longa noite.
As
coisas mais simples,
difíceis
em sua obviedade.
Essas
não faziam barulho.
Era
um dia do tipo
que
as pessoas chamam "perfeito".
Deuses
disfarçados de
grampos
de cabelo, espelho de mão,
um
pente com um dente faltando?
Não!
Não era isso.
Apenas
as coisas como são,
mudas,
imóveis, sem piscar,
naquela
luz brilhante —
e as
árvores esperando a noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário