Com um só fósforo ilumino o infinito
Amadeu Baptista
Com
um só fósforo ilumino o infinito.
E
muitas vezes o infinito é algo
muito
próximo, um livro, uma chávena
de
chá, o teu rosto escondido
na
penumbra, o retrato de alguém desconhecido
que
de uma praça, acena,
um
fio de tabaco, um monograma
num
lenço muito branco.
O
infinito o mais das vezes é
não
mais do que o que toca o coração,
uma
leve poeira pelo ar, um ponto fixo
que
a mão ousa tocar, esta chama
que
de repente amplia a escuridão
e me
torna visível a quem passa
e no
clarão acende o seu cigarro.
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