Manual da Máquina CDA
Armando Freitas Filho
A
máquina é de pedra e pensamento.
Funciona
sem água, deslizando
seu
lençol de laje e lembrança
aberto
e desperto por natureza.
Tem
por motor o atrito, a tração
a
alavanca que levanta quem lê
e o
modela, diferente, a cada passada
pois
se faz também diversa:
novos
perfis que se enfrentam
assimétricos,
e que não esperam
o
encaixe certo, feito à regua
mas
o impossível, irregular, sem
efes-e-erres,
com recortes irritados
se
aproximando, como no boxe —
através
do choque, onde se juntam —
íntimos,
podendo parecer ternos
apesar
dos dentes, roldanas, o amor
arranca,
em chão de escorpião.
Quando
revista, de perto, por dentro
a
máquina — que não se passa a limpo —
se
compreende um pouco do engenho
do
mecanismo de suas linhas partidas.
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