Língua-Mar
Adriano Espínola
A
língua em que navego, marinheiro,
na
proa das vogais e consoantes,
é a
que me chega em ondas incessantes
à
praia deste poema aventureiro.
É a
língua portuguesa, a que primeiro
transpôs
o abismo e as dores velejantes,
no mistério
das águas mais distantes,
e
que agora me banha por inteiro.
Língua
de sol, espuma e maresia,
que
a nau dos sonhadores-navegantes
atravessa
a caminho dos instantes,
cruzando
o Bojador de cada dia.
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