Nascimento do Poema
Dora Ferreira da Silva
É
preciso que venha de longe
do
vento mais antigo
ou
da morte
é
preciso que venha impreciso
inesperado
como a rosa
ou
como o riso
o
poema inecessário.
É
preciso que ferido de amor
entre
pombos
ou
nas mansas colinas
que
o ódio afaga
ele
venha
sob
o látego da insônia
morto
e preservado.
E
então desperta
para
o rito da forma
lúcida
tranqüila:
senhor
do duplo reino
coroado
de
sóis e luas.
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