Elegia
Ribeiro Couto
Que
quer o vento?
A
cada instante
Este
lamento
Passa
na porta
Dizendo:
abre...
Vento
que assusta
Nas
horas frias
Na
noite feia,
Vindo
de longe,
Das
ermas praias.
Andam
de ronda
Nesse
violento
Longo
queixume,
As
invisíveis
Bocas
dos mortos.
Também
um dia,
Estando
eu morto,
Virei
queixar-me
Na
tua porta
Virei
no vento
Mas
não de inverno,
Nas
horas frias
Das
noites feias.
Virei
no vento
Da
primavera.
Em
tua boca
Serei
carícia,
Cheiro
de flores
Que
estão lá fora
Na
noite quente.
Virei
no vento...
Direi:
acorda...
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