Edifício
Luís Antonio Cajazeira Ramos
É tudo tão passado, mesmo agora,
adiante de meus olhos passadiços.
Paira em mim um mim mesmo sobre as horas
que atenta a tudo, e em tudo nunca é visto
o novo. Apenas sobre os precipícios
ergue-se o chão, mas logo desmorona,
antes mesmo que a vida entreabra os cílios.
O porvir é passado que se sonha.
Passeio nos escombros que construo,
buscando o mapa roto do futuro,
e encontro a planta baixa dos recuos.
Distraio-me dos cacos que me piso.
Um passado de vidro fere o muro.
Um resto de amanhã sopra-me um cisco.
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