A canção do suicida
Rainer Maria Rilke
É sempre assim: no último momento
alguém vem e me corta
a corda.
Há pouco era tão intenso o meu intento
que eu já sentia o infinito nos
intestinos.
Uma colher me é estendida,
a colher da vida.
Não, já cheguei ao limite.
Permitam-me que eu me vomite.
Sei que a vida é boa e grande
e o mundo tem beleza à bessa,
mas ela não entra no meu sangue,
apenas sobe à minha cabeça.
A outros ela nutre, a mim só me afeta.
Creiam, a nem todos ela apraz.
Agora, por mil anos ou mais
vou precisar de uma dieta.
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