quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

VII/Rio de Janeiro - Carlos Drummond de Andrade

VII/Rio de Janeiro

Carlos Drummond de Andrade

Fios nervos riscos faíscas.
As cores nascem e morrem
com impudor violento.
Onde meu vermelho? Virou cinza.

Passou boa! Peço a palavra!
Meus amigos estão todos satisfeitos
com a vida dos outros.
Fútil nas sorveterias.
Pedante nas livrarias...
Nas praias nu nu nu nu nu nu.
Tu tu tu tu tu no meu coração.

Mas tantos assassinatos, meu Deus.
E tantos adultérios também.
E tantos tantíssimos contos-do-vigário...
(Este povo quer me passar a perna.)

Meu coração vai molemente dentro do táxi.

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