terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Flor do Maracujá - Catulo da Paixão Cearense

A Flor do Maracujá

Catulo da Paixão Cearense

Encontrando-me com um sertanejo 
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei: 
Diga-me caro sertanejo 
Por que razão nasce roxa 
A flor do maracujá?
 
Ah, pois então eu lhe conto 
A estória que ouvi contá
A razão pro quê nasce roxa 
A flor do maracujá.
 
Maracujá já foi branco 
Eu posso inté lhe jurá
Mais branco que caridade 
Mais brando do que o luá.
 
Quando a flor brotava nele 
Lá pros confim do sertão
Maracujá parecia 
Um ninho de argodão.
 
Mas um dia, há muito tempo 
Num mês que inté não me alembro 
Se foi maio, se foi junho 
Se foi janeiro ou dezembro.
 
Nosso Sinhô Jesus Cristo 
Foi condenado a morrer
Numa cruz crucificado 
Longe daqui como o quê.
 
Pregaram Cristo a martelo 
E ao ver tamanha crueza 
A natureza inteirinha 
Pois-se a chorar de tristeza.
 
Chorava os campo 
As folha, as ribeira 
Sabiá também chorava 
Nos galho da laranjeira.
 
E havia junto da cruz 
Um pé de maracujá
Carregadinho de flor
Aos pés de Nosso Sinhô.
 
E o sangue de Jesus Cristo 
Sangue pisado de dor
Nos pé do maracujá 
Tingia todas as flor.
 
Eis aqui seu moço
A estória que ouvi contá
A razão pro quê nasce roxa 
A flor do maracujá.

4 comentários:

  1. Mas ou menos em 1965, vi meu pai declamando essa poesia e nunca mas esqueci, não que eu seja religioso, mas a beleza , a simplicidade e duresa dessa poesia ficaram impregnadas em mim.

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  2. É linda essa poesia,aprendi qdo tinha meus 12 anos, numa festinha da escola, agora vou relembrá-la no nosso grupo espírita aqui em Campos dos Goytacazes, é linda!!!

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